Índices - o que são e porque importam?
Nome aborrecido mas mais importante do que possas pensar.
“Índices”, “fundos de índice” ou no original, index funds. A maioria das pessoas já deverá ter ouvido falar mas, está clara a importância deles?
Em termos simples, um índice é uma unidade de medida ou uma lista que nos ajuda a acompanhar algum tipo de informação, facilitando a análise de mudanças ao longo do tempo.
Na prática e no contexto de investimentos, um índice mostra-nos o desempenho de uma classe de activos, permitindo-nos perceber se estão a subir ou a descer.
Index funds, como são frequentemente mencionados, são fundos de investimento que visam replicar índices de mercado. Ou seja, são fundos que, em vez de tentarem escolher quais as melhores acções, optam por investir num índice que replique a performance de um determinado mercado.
Os índices mais conhecidos são:
S&P 500 - mede o desempenho das 500 maiores empresas do mercado americano.
NASDAQ 100 - mede o desempenho das 100 maiores empresas do sector tecnológico.
Dow Jones - um dos índices mais antigos do mundo, composto pelas 30 maiores empresas cotadas em bolsa.
FTSE 100 - também referido como Footsie, mede o desempenho das 100 maiores empresas listadas da Bolsa de Londres.
DAX - mede as 40 maiores empresas listadas da Bolsa de Frankfurt.
CAC 40 - mede pelas 40 maiores empresas da Euronext de Paris.
STOXX 50 - mede as 50 maiores empresas cotadas nas bolsas europeias.
NIKKEI 225 - mede as 225 maiores empresas da Bolsa de Tóquio.
HANG SENG Index - mede as maiores empresas da bolsa de Hong Kong.
MSCI World Index - mede as maiores e médias empresas, por Capitalização de Mercado (Market Cap), de 23 mercados desenvolvidos.
FTSE All-World Index - similar ao anterior, mas com o acréscimo dos mercados emergentes.
Estas são siglas/nomes importantes de conhecer, principalmente para quem está a pensar em investir em ETF's de índices, já que são o instrumento mais simples e fácil de usar, para quem quer estar exposto/a ao desempenho destes índices.
Como funcionam estes fundos de índice?
As empresas gestoras destes fundos alocam os fundos de forma a replicar o melhor possível o índice de referência.
Uma vez que os fundos estão alocados numa proporção similar à composição do índice, quando este sobe/valoriza, o mesmo acontece com o valor do fundo. E, o inverso também se aplica, naturalmente.
Estes índices são rebalanceados periodicamente. No caso específico do S&P 500, ele é actualizado com uma base trimestral, ou seja, a cada 3 meses há empresas que podem entrar/sair do S&P 500.
Porque são considerados opções de investimento interessantes?
Gestão passiva - os gestores destes fundos de índice, não escolhem as empresas que os compõe. Não precisam de fazer esses estudos e análises. Por se tratarem de índices, eles limitam-se replicar o desempenho do índice em questão.
Taxas baixas - no seguimento do ponto anterior: menos trabalho, menos custos. Isto é importante para investidores - principalmente com pouco capital - que não querem desperdiçá-lo em taxas e comissões.
Diversificação - um dos chavões desta área e um dos "mandamentos" de qualquer investidor. Qualquer um destes fundos, é composto por dezenas ou centenas de empresas - cumprindo assim o requisito da diversificação.
Transparência - o facto de haver uma gestão passiva que se limita a seguir a composição de um determinado índice, faz com que não haja nada a esconder na forma como são geridos estes fundos.
Acessibilidade e simplicidade - praticamente qualquer pessoa, maior de idade, com um smartphone e acesso à internet, pode abrir conta num broker e investir em qualquer um destes índices. Também por isto, são frequentemente indicados como a melhor opção para quem quer começar a investir.
Opção conservadora - ao contrário de outros fundos, de gestão mais activa, que tentam superar o desempenho dos índices, os ETF's de índices ou fundos de índices, seguem uma via mais conservadora, limitando-se a seguir o desempenho do índice que usam como referência.
Porque são tão importantes os fundos de índice?
Porque servem de barómetros do estado dos mercados. Os index funds, ajudam-nos a perceber as tendências dos mercados, de sectores e das economias de diferentes regiões.
O índice de referência do estado da economia - o S&P 500, tantas vezes falado, é considerado o índice de referência não só por abarcar as empresas mais influentes da maior economia global, mas também porque ao longo dos anos, tem sido um excelente reflexo do desempenho do mercado de acções e, numa perspectiva mais ampla, da própria economia americana. É por isso que os investidores o usam como referência, como o "índice a bater".
Referência de investimento - apesar da importância do S&P 500, há outros índices que são usados por investidores e gestores de fundos de áreas específicas, como medida de referência. Por exemplo, um investidor ou fundo que baseie toda a sua tese de investimentos no sector tecnológico, irá preferir usar o NASDAQ, como referência para avaliar o desempenho dos seus investimentos.
Tendências - analisar diferentes mercados ao longo dos anos, permite identificar tendências de comportamento dos investidores, nomeadamente em contextos específicos como períodos de guerra, crises, eleições, entre outras. Estas análises, permitem a tomada de decisões mais informadas sobre onde e quando alocar ou re-alocar investimentos.
Referências sectoriais ou regionais - como já vimos, existem índices que representam sectores (tecnológico, industrial, bens de consumo, etc), bem como diferentes áreas geográficas (desde países Europeus, até ao Japão). O bom ou mau desempenho dos respectivos índices e o interesse (ou falta dele) dos investidores é, geralmente, um indicativo do que se está a passar e pode ser útil para identificar oportunidades ou riscos de investimento.
Em conclusão, independentemente da tese de investimento de qualquer pessoa, é sempre boa ideia manter debaixo de olho, um ou mais dos índices mencionados, ou até outros, que possam fazer mais sentido.
❗FACTO CURIOSO
Sabias que diferentes estudos constataram que a maioria dos gestores de fundos não consegue bater o índice? Ou seja, gestores e supostos experts que gerem milhões, não conseguem retornos anuais superiores ao desempenho do S&P 500. Isto é particularmente visível em períodos de tempo longos - mais um motivo para se falar tanto em "investir para longo prazo".
Segundo o Scorecard SPIVA da S&P Dow Jones, que há mais de 20 anos mede a performance de fundos:
para um prazo de 20 anos - 93% dos maiores fundos de acções dos EUA ficaram atrás do S&P 500;
para um prazo de 10 anos - 86% dos maiores fundos de acções dos EUA ficaram atrás do S&P 500;
para um prazo de 10 anos - a nível global - 92% dos gestores não batem o índice de referência;
em períodos curtos (1 ano) - apenas 35% dos fundos consegue bater o índice mas, nem sempre de forma consecutiva/consistente ao longo dos anos;
Atenção, isto não quer dizer que estes gestores sejam incompetentes. Há factores de peso nestas contas, sendo um dos principais, as taxas cobradas pelos fundos que se amontoam ao longo dos anos.
Portanto se, no final do ano, a tua carteira de investimentos tiver um retorno superior ao do S&P 500, muitos parabéns! Estiveste melhor do que muitos gestores de fundos que têm muito mais dinheiro do que nós 🙂