Brokers ≠ Exchanges
Perceber a diferença entre brokers e exchanges pode ajudar-te a poupar dinheiro...
As traduções livres e utilização genérica de termos estrangeiros, às vezes, podem induzir-nos em erro.
Por exemplo, quando falamos de sítios para comprar acções/ETF's/criptos, o mais frequentemente, é falar-se em correctoras.
O termo "correctora", não está incorrecto. O que acontece é que, em português, utiliza-se este termo frequentemente, para nos referirmos tanto a exchanges como a brokers. E, no caso das criptomoedas (que importou muita terminologia dos mercados tradicionais), há diferenças significativas.
Parece um preciosismo? Pois bem, no final do artigo de hoje, vais perceber a diferença e como ela te pode poupar dinheiro, já que brokers e exchanges, funcionam de forma diferente.
Nos mercados tradicionais (Acções e ETF's)
Aqui, a distinção é simples. O broker é o intermediário, que facilita a compra/venda e a exchange, é um mercado centralizado, onde essa compra/venda vai ser feita (Bolsa de Nova Iorque, de Londres, de Milão, etc).
Estes mercados/bolsas, são também responsáveis por estarem estruturados de forma transparente e regulada, garantindo assim segurança aos investidores.
No caso dos brokers, além do papel de mediação, alguns mais especializados, podem oferecer serviços personalizados, como gestão de carteira dos seus clientes ou aconselhamento de investimento.
Existem também brokers mais low cost, que oferecem uma menor variedade de serviços, focando-se na execução de transacções com custos mais baixos.
Claro que, tudo isto, implica taxas e comissões a serem pagas por nós, clientes e utilizadores. Taxas e comissões essas que variam consoante o broker/correctora que se usa e o tipo de activos que se compra/vende - futuramente, falaremos disso, num artigo dedicado só a correctoras.
Este é um resumo simples mas importante, não só para se ter um entendimento de como o mercado é estruturado, mas também, para ajudar a perceber um pouco melhor as diferenças com o mercado das criptomoedas.
No mercado das Criptomoedas
Brokers:
Tal como nos mercados tradicionais, também actuam como intermediários entre nós/utilizadores e o mercado;
Detêm uma determinada quantidade de activos em carteira, que nós podemos comprar - isto significa também, uma liquidez mais limitada;
Como só trabalham com aquilo que têm em carteira, os brokers têm uma menor diversidade de criptomoedas, trabalhando geralmente, com as mais procuradas;
As plataformas dos brokers costumam ser simples de usar, sem muitas funcionalidades - ideais para quem está a começar;
Os custos são, geralmente, um pouco superiores (por comparação com as exchanges). Os brokers costumam colocar um spread mais elevado em cima do preço da cripto que queremos comprar/vender. Este spread pode variar e essa informação nem sempre está muito clara, o que pode fazer com que os custos sejam mais imprevisíveis.
Fazem custódia dos activos dos clientes - por um lado, isto simplifica a nossa vida, por outro, introduz factores de risco, como a potencial perda dos activos, em caso de falência do próprio broker ou do parceiro que usam para fazer a custódia (quando aplicável).
Alguns exemplos de brokers mundialmente conhecidos: eToro, Gemini, Interactive Brokers, Robinhood.
Exchanges:
Funcionam como mercados digitais (marketplaces), facilitando a compra e venda directa entre utilizadores;
Utilizam "livros de registos" (order books), para fazer corresponder as ordens de quem quer comprar e vender;
Oferecem uma maior variedade de criptoactivos - desde as principais até às novidades e outras mais de nicho;
Costumam ter uma maior liquidez, facilitando o preenchimento das ordens de compra/venda;
Disponibilizam mais opções e funcionalidades avançadas;
Os custos para nós, utilizadores, costumam ser mais baixos do que os dos brokers;
Todas as principais exchanges facilitam a transferência para digital wallets detidas pelos clientes, dando-lhes assim a opção de controlo total sobre os seus activos;
Alguns exemplos de exchanges mundialmente conhecidas: Binance, Bitstamp, Coinbase, Crypto.com, Kraken, OKX.
Fazer comparações entre estes mercados e os tradicionais, pode ser arriscado, devido às particularidades de cada um.
Por isso, estas tabelas devem ser entendidas como paralelismos simplificados, para ajudar ao entendimento do funcionamento do mercado das criptomoedas, que continuaremos a aprofundar em futuros artigos.
O campo da Regulação é, talvez, o mais complexo. A União Europeia, é a zona económica mais avançada neste campo. No entanto, apesar de já haverem regras sobre estes novos mercados, elas ainda não são assim tão compreensivas e, a adaptação por parte de cada país da U.E., abre ainda outras variáveis.
Tratando-se de um mercado "novo" e com tantas implicações, é muito possível que vejamos mais novidades nos próximos tempos.
No caso dos EUA, geralmente uma referência e um pioneiro em termos de tecnologia, só neste ano de 2025 é que começámos a ver movimentações práticas neste campo. O actual Governo, ao contrário do anterior, está a tentar posicionar-se como um líder neste mercado e a quantidade de projectos de lei prontos a serem aprovados, denota isso mesmo.
Dependendo da altura que olharmos para este artigo, é provável que estes últimos dois parágrafos já estejam desactualizados. Em todo o caso, era um ponto que não podia ficar de fora.
Conclusão
Aportuguesar termos estrangeiros, não tem mal nenhum, excepto quando se mete tudo no mesmo saco.
No caso dos mercados tradicionais, aquilo que nós - investidores particulares - temos à nossa disposição, são apenas os brokers.
No caso do mercado dos cripto activos, tanto podemos recorrer a brokers como aos próprios mercados centralizados (através das exchanges mencionadas em cima ou outras) ou através dos mercados descentralizados (tema que ficará para um próximo artigo).
No fundo, se quiséssemos reduzir a coisa a um único ponto, podemos dizer que esta diferença existe, devido a um dos pontos essenciais da blockchain e dos criptoactivos: a descentralização e a diminuição do papel dos intermediários.