Os diferentes tipos de Criptomoedas
Altcoins, Stablecoins, Memecoins... são termos familiares para quem já se aventurou pelo mundo das criptomoedas. Mas, está clara a diferença entre elas?
Altcoins, Stablecoins, Memecoins... são termos familiares para quem já se aventurou pelo mundo das criptomoedas. Mas, está clara a diferença entre elas?
A Bitcoin, sendo a mais conhecida, dispensa grandes apresentações, até porque já lhe foi dedicado este artigo. Vamos considerá-la como estando num plano à parte - o da reserva de valor.
Além dela, temos mais 3 grandes grupos / categorias: Altcoins, Stablecoins e Memecoins. É disso que vamos falar hoje.
Altcoins
Aquelas que são consideradas como "alternativas à Bitcoin". São criptomoedas que foram criadas com funcionalidades específicas, diferentes das da Bitcoin.
Alguns exemplos:
Smart Contracts - contractos inteligentes que permitem o desenvolvimento de aplicações na blockchain. Algumas das criptomoedas mais relevantes criadas para este efeito, são a Ethereum ($ETH), Solana ($SOL), Cardano ($ADA), Sui ($SUI), entre outras.
Plataformas DeFi - aplicações (apps) de Finanças Descentralizadas, que se apresentam como alternativas à banca tradicional, permitindo empréstimos e formas de rendimento passivo. Entre as criptomoedas mais conhecidas associadas a estas plataformas, estão a Aave ($AAVE), UniSwap ($UNI), Lido ($LDO), entre outras.
Infraestrutura - projectos desenvolvidos para permitirem a escalabilidade das blockchains e a interoperabilidade entre elas. Alguns exemplos de criptomoedas resultantes destes projectos, são a $ATOM, a $DOT ou a $ARB.
Utilitárias - são criptomoedas criadas para permitirem/facilitarem o funcionamento de certos serviços da blockchain. A Chainlink ($LINK), por exemplo, que permite a comunicação de dados, em tempo real, entre blockchains e sistemas tradicionais, aumentando assim a relevância e utilidade da blockchain. Outro exemplo prático, é a descentralização da computação de alta performance, que permite que diferentes máquinas espalhadas pelo planeta, facilitem tarefas complexas online, como a renderização de gráficos 3D ou efeitos visuais complexos que, geralmente, precisam de computadores muito potentes. Exemplos de criptomoedas relacionadas com esta área, são a Render ($RENDER) ou a Akash ($AKT).
Gaming - criptomoedas associadas a projectos que se dedicam a jogos online e activos digitais, que permitem o desenvolvimento de verdadeiras micro-economias dentre de jogos e metaversos. Uma das mais antigas e conhecidas, é a Axie Infinity ($AXS).
RWA (Real World Assets) - uma das categorias a ganhar força no último ano. Como o próprio nome indica, refere-se a projectos que estão a trazer para a blockchain, activos do mundo real, sendo o imobiliário e outros instrumentos financeiros (títulos do tesouro ou acções), os casos mais comuns. A $ONDO é das criptomoedas em maior destaque nesta categoria.
Esta lista poderia continuar com outras categorias importantes como a Inteligência Artificial, Telecomunicações, Privacidade, Cloud Storage, entre outras. Mas, a verdade é que, muitas delas acabam por ser cruzar e estar interligadas.
O ponto a reter é que, a grande maioria dos sectores que fazem mover a nossa sociedade, estão a ter versões optimizadas na blockchain. Algumas, como as mencionadas em cima, já a serem utilizadas por todo o mundo. Outras, ainda em desenvolvimento. Certo é que, praticamente todos estes projectos, têm uma criptomoeda associada - muitas vezes referidas de forma generalista, como AltCoins.
Para quem quer investir, isto é aquilo que é preciso ter em consideração, no que toca a AltCoins:
Têm um potencial de valorização grande - há quem defenda que, maior até que o da Bitcoin. Isto deve-se à inovação associada a estes projectos e à forma como estão a transformar alguns sectores da economia.
No reverso da medalha, está o risco e a elevada volatilidade. Por se tratarem de projectos inovadores, alguns dos quais ainda em fase de desenvolvimento. Tal como na altura do surgimento da internet, poucas foram as empresas que sobreviveram até hoje. Quem na altura investiu em empresas como a Amazon, Microsoft, Apple e outras, certamente que não estará arrependido. Mas, quase todas as outras que surgiram nessa altura, ficaram pelo caminho ou já pouco são lembradas. Comparações à parte, é importante ter consciência, do elevado grau de probabilidade da grande maioria falhar.
Stablecoins
Como o próprio nome diz, são "moedas estáveis". Isto deve-se ao facto de, serem criptomoedas que foram criadas com o propósito específico de replicarem o comportamento de moedas tradicionais como Dólar ou o Euro.
As mais conhecidas, são a $USDT, $USDC ou $EURC. Todas elas, têm praticamente o mesmo valor. Ou seja, 1 USDC ou USDT = $1 e 1 EURC = 1€
Elas existem como forma de reduzir a volatilidade associada às criptomoedas. E, servem para replicar também a utilidade das moedas tradicionais. São cada vez mais os serviços e empresas que aceitam criptomoedas como meio de pagamento. E, os investidores, em vez de gastarem criptomoedas com maior potencial de valorização (como a BTC ou alguma Altcoin), optam por usar Stablecoins para esses pagamentos.
Além do pagamento de bens e serviços, as Stablecoins apresentam-se também como instrumentos de poupança alternativos aos da banca tradicional.
Recorrendo às características dos Smart Contracts e Plataformas de DeFi mencionadas em cima, é comum encontrar juros na casa dos 4%, pelo empréstimo de Stablecoins.
O Bom das Stablecoins:
a estabilidade que trazem ao mercado das criptomoedas;
a aceitação cada vez maior por empresas e até particulares, como forma de pagamento;
as empresas mais conceituadas que emitem stablecoins (Circle e Tether), são cada vez mais transparentes em relação às suas reservas. Ou seja, por cada USDC ou USDT emitido, é possível comprovar que a empresa emitente, tem na suas reservas a mesma quantidade de Dólares ou de activos equivalentes (títulos do tesouro, por exemplo).
O Perigoso das Stablecoins:
tal como qualquer pessoa, com os devidos conhecimentos, pode criar uma criptomoeda, o mesmo se aplica a uma stablecoin.
esta facilidade leva à criação de produtos que prometem retornos ou juros elevados, acima daquilo que é a média normal do mercado, podendo iludir algumas pessoas desatentas;
ao contrário das duas empresas mencionadas em cima, nem todas as que emitem stablecoins, são totalmente transparentes quanto às suas reservas nem passam por auditorias reconhecidas pelo mercado;
Memecoins
Talvez a criação mais caricata do mercado das criptomoedas. Ou, aquilo que dá argumentos a muitas das pessoas que dizem que "investir em criptos, é o mesmo que ir a um casino".
As Memecoins são, literalmente, piadas, moedas para gozar ou especular. Criptos criadas por fãs de algum boneco ou personagem. Pessoas criativas que resolveram tentar ganhar dinheiro com alguma piada. E, claro, pessoas mal intencionadas.
Há para todos os gostos: desde as ofensivas, às cómicas, dos animais aos políticos. Algumas delas têm nomes bastante absurdos, denotando desde logo, aquilo que se pode esperar delas. $FARTCOIN... é preciso dizer mais alguma coisa?
No entanto, há uma ou outra, que já deram origem a utilidades práticas:
a $DOGE já começa a ser aceite como meio de pagamento;
a $MAGA foi usada para recolher fundos para apoiar veteranos de guerra;
a $PENGU teve origem na febre dos NFT's e deu origem a uma colecção de bonecos de peluche;
a $SNEK deu origem a uma bebida energética;
Estes são alguns exemplos. Terá havido mais um ou outro mas, na sua essência, aquilo que é importante reter sobre Memecoins:
não têm qualquer utilidade prática ou projecto fundamentado a suportá-las;
são pura especulação;
se as criptomoedas são voláteis, as Memecoins são criptomoedas em esteróides;
Antes de avançar para questões mais práticas sobre criptomoedas, é importante ter noção destas diferenças para que as nossas decisões sejam, no mínimo, um pouco mais conscientes.
De realçar que, os nomes de projectos ou Criptomoedas aqui mencionados, são meramente exemplificativos e ilustrativos das explicações apresentadas. Não constituem qualquer tipo de recomendação de investimento.