Diferentes tipos de ETF's e como escolher
Para quem quer ter uma carteira diversificada e reduzir os riscos dos seus investimentos...
Já sabemos o que são ETF's e também já vimos que existem diferentes tipos de Acções.
Seguindo a mesma lógica, vamos agora ver os diferentes tipos de ETF's.
Este artigo, é particularmente importante para quem quer ter uma carteira diversificada e reduzir os riscos dos seus investimentos. Para isso, precisamos de ter consciência daquilo que estamos a escolher, certo?
Existem centenas de ETF's por aí mas, para simplificar, vamos agrupá-los:
Acções e Índices - ETF's compostos por acções que se focam num determinado país (ou região) ou que seguem um determinado índice (S&P 500 - EUA, FTSE 100 - UK, STOXX 600 - Europa, etc).
Bonds - ETF's compostos por títulos da dívida pública de determinados países ou de empresas.
Commodities (matérias primas) - ETF's compostos por participações em metais preciosos, metais industriais ou bens agrícolas. Esta participação pode ser física (quando os ETF's possuem efectivamente esses bens) ou pode ser através de Contractos Futuros (CFD's), que são instrumentos financeiros mais complexos e arriscados - totalmente contra indicados para quem tem pouca experiência.
Imobiliário - ETF's compostos por participações empresas ligadas ao ramo imobiliário, geralmente, REIT's (fundos imobiliários cotados em bolsa).
Sectoriais ou Temáticos - ETF's dedicados a sectores específicos (ex: Tecnologia, Saúde, Inteligência Artificial) ou a tendências da sociedade actual (Economia Circular, Energias Limpas, etc).
Multi-Assets - ETF's compostos por uma mistura dos anteriores.
Esta é uma divisão genérica que ajuda no processo de escolha de ETF’s. Mas, existem outras características importantes, que ajudam na hora de escolher um (ou mais) ETF’s.
O tipo de distribuição
Acumulativo - ETF's que reinvestem os dividendos das empresas que os compõe. Esta característica válida apenas para ETF's de empresas. Matérias primas, não produzem lucro directamente, logo, não podem distribuí-lo.
Distributivo - ETF's que, em vez de reinvestirem os dividendos, distribuem-nos pelas contas dos investidores.
Qual destes tipos é preferível? Depende da estratégia de cada pessoa.
Os Acumulativos são interessantes, porque favorecem o efeito dos juros compostos, potenciando a sua valorização a longo dos anos.
Os Distributivos são interessantes, para quem a prioridade é ter algum retorno com numa base regular, ou seja, receber dividendos de X em X tempo.
O tipo de replicação
Física - quando as empresas que gerem os ETF's, detêm efectivamente as participações nas empresas ou nas bonds incluídas nesse ETF. O mesmo se aplica a matérias primas.
Sampling - quando as empresas que gerem os ETF's, detêm uma parte significativa (mas não total) das participações nas empresas. Geralmente, nestes casos, estes ETF's detêm participação física daqueles que são os activos mais influentes ou com maior peso, na constituição desse ETF. Isto é comum em ETF's compostos por centenas ou milhares de participações ou composto por activos com baixa liquidez.
Sintética - os ETF's não têm os activos que o compõe. Em vez disso, têm derivativos, produtos financeiros com maior risco, que têm um valor equivalente aos dos activos que compõe esse ETF. Isto é habitual para ETF's que repliquem índices mais complexos ou matérias primas de difícil acesso.
Híbrida - quando o ETF faz uma combinação Física e Sintética dos activos que o compõe.
Qual o melhor? Mais uma vez, depende de cada pessoa. O tipo de replicação tem influência no custo e no risco do ETF. Mas, de uma forma geral, o mais comum e mais recomendável para a maioria das pessoas, são os ETF's com replicação Física. Os principais, apresentam um bom equilíbrio entre custo e risco.
Custos e Riscos
O custo de um ETF, normalmente, é representado pelo TER (Total Expense Ratio), valor que corresponde ao custo anual de manutenção/gestão do ETF por parte da empresa que o gere.
Na grande maioria dos casos, esta TER é automaticamente retida pela gestora do ETF, estando já reflectida no custo do ETF.
O nível de risco de um ETF, pode ser visto no seu KID (Key Information Document), o documento onde constam as informações essenciais do ETF. A escala vai de 1 a 7, sendo 7 o nível de maior risco.
Um site muito útil
Isto parece demasiada informação para assimilar e analisar, não é? Felizmente, existe um site que nos facilita a vida: justetf.com
O acesso é gratuito e nele, encontramos as informações que precisamos sobre os ETF's que nos interessam. Se um determinado ETF não está neste site, é porque foi lançado muito recentemente no mercado ou, algo de errado se passa.
Para verificar todas as informações indicadas em cima e outras, basta usar o campo de pesquisa do site.
A título de exemplo, vamos usar o clássico S&P 500, através do VUAA - ticker do ETF da Vanguard que replica este índice:
Para quem está a ver isto pela primeira vez, pode parecer muita informação, por isso, assinalei com caixas coloridas, as informações que são mais importantes.
o título / identificação do ETF [assinalado a laranja no screenshot em cima]:
o nome é, geralmente, composto por duas partes: o nome ou marca da empresa que gere o ETF - neste caso, é a Vanguard e o índice ou tipo de ETF a que se refere - neste caso, o S&P 500;
UCITS (Undertakings for Collective Investment in Transferable Securities), é um sigla comum, que indica os ETF's que se enquadram nas regulamentações da União Europeia;
USD - indica a moeda em que estão cotadas as empresas que compõe o ETF. Nós pagamos em Euros pelo ETF mas, é bom lembrar, que empresas sedeadas noutras partes do mundo, não trabalham em Euros.
Accumulating - nem todos os ETF's indicam isto no título mas, como já vimos em cima, indica que é um ETF Acumulativo.
ISIN - é como se fosse o código de barras do ETF. É um código único que o identifica. Apesar de não ser tão prático como o ticker, o ISIN evita definitivamente possíveis confusões de identificação.
Ticker - é um código simplificado de identificação. É útil para usar nas correctoras ou em programas de análise mas, o mais inconfundível, é mesmo o ISIN.
as características do ETF [assinalado a cyan no screenshot em cima]:
TER - a comissão anual, de que já falámos em cima;
Distribution policy - também já esclarecido - pode ser Acumulativo ou Distributivo.
Replication - o tipo de replicação, também já esclarecido em cima.
Fund size - refere-se à quantidade de dinheiro investido neste ETF. Quanto maior o número, melhor. Geralmente, é um sinal de confiança do mercado neste ETF.
Inception Date - a data de criação do ETF. Um ETF que tem vários anos de existência, também pode ser visto como um motivo de confiança.
Holdings - o número de empresas, cujas acções são detidas pelo ETF.
informações adicionais úteis [assinalado a rosa no screenshot em cima]:
Basics - um resumo das informações essenciais do ETF.
Holdings - no caso de ETF's de acções ou índices, podemos ver as 10 principais que o compõe e a sua origem geográfica e sectorial.
Performance - podemos ver os retornos dos últimos meses e anos.
Risk - apesar de lhe chamarem risco, não nos mostra a classificação oficial do KID, mas sim, a volatilidade do ETF, ou seja, quanto é que os preços costumam flutuar.
Stock exchange - mostra-nos os tickers consoante as bolsas. Esta informação é importante porque, um ETF está, geralmente, cotado em diferentes bolsas e moedas (EUR, USD ou GBP) e isso, pode gerar diferentes tickers. Isto pode gerar confusão quando os procuramos nas nossas correctoras. O mesmo ETF, pode ter um ticker na correctora A e outro ticker na correctora B. Em caso de dúvida, podemos sempre olhar para o ISIN - dá um pouco mais de trabalho, mas é único.
Description - aqui encontramos uma descrição do ETF, bem como o índice que ele segue (quando aplicável).
Documents - documentos com a informação legal obrigatória.
O site justetf tem muitas mais informações e é, actualmente, a melhor base de dados de ETF's para cidadãos europeus.
Apesar da quantidade de informações úteis e válidas do justetf, o descrito neste artigo, já dá as bases necessárias para poder escolher em que ETF's investir.
Caso alguma informação não tenha sido clara, os subscritores que apoiam este projecto, podem sempre usar a caixa de comentários em baixo, para deixarem dúvidas ou sugestões para futuros artigos aqui neste Diário.
NOTA: este é um website de conteúdo informativo. Nem este website nem o seu autor disponibilizam qualquer tipo de recomendação financeira ou de investimento. Investir implica riscos e cada pessoa é responsável pelas suas decisões.




